quarta-feira, agosto 30, 2006

Sopro cálido e terno do Verão...


De passo arrastado, o Verão silenciosamente vai passando. Está cansado e as noites já são mais longas.

Tão injuriado
sempre que mostra a sua energia, sente vergonha de nos abraçar de calor em todo o seu esplendor, e presenteia-nos com uns bafos de chuva para que lhe demos valor.

Ainda assim, a nossa inconstância de opinião e permanente insatisfação, faz-nos reclamar mais uma vez!

O que mais me faz sentir o Verão a chegar, nem são as sandálias, as minissaias e mini-tops e mini tudo o resto, que afundam as montras das lojas. Mesmo ainda quando nem o inverno se foi, e está a cair um dilúvio...

Não são as promoções das agências de viagens, ou os Morangos com Açúcar especial férias.

Ou os alunos ansiosos por entrarem de férias, ou as sextas-feiras à noite em santos, com os futuros (ou não) universitários a irem curtir a night com os livros de exames nacionais dos anos passados.

Não são as férias, ou o poder ficar sem horários... pois essas posso tê-las em outras épocas do ano...

Nem os horários dos transportes públicos que ficam mais caóticos...

Não é o retrato da senhora de meia idade que serviu de musa ao boneco da michelin com um vestido de algodão justo, chinelo no pé e geleira na mão, a querer ir apanhar o autocarro para a Costa da Caparica, que caracterizam o meu Verão.

O meu Verão tem cheiro. O meu Verão toca-me. O meu Verão adocica-me...

O meu Verão é o poder andar descalça pela casa sem que os meus pés se revirem todos com frio... é deixar a janela toda aberta do quarto para que os raios da lua cheia me amaciem a pele e o olhar.

É sentir após uma tarde de praia, aquela languidez, a pele meio dormente, os olhos cansados, a boca salgada e o cabelo desfeito em milhares de caracóis que o sal mantém intactos.

É o poder estar à noite na rua e poder sentir o ar nas pernas e nos braços... no colo... no umbigo...

Sentir o vento que me agita os cabelinhos que fogem do elástico e me "cocequeiam" suavemente a face.

É o inspirar a frescura da noite sem que as narinas murchem de frio.

O Verão... mão de toque quente, seco e seguro que nos afaga adocicadamente, ao de leve, tocando só a pelugem.. e nos arrepia, deixando-nos uma nostalgia sem igual...