Maduro sorriso
Há dias caminhava fugazmente para a minha segunda casa (leia-se emprego), e que nem um flash de máquina fotográfica, fui atropelada subitamente por um pensamento sobre algo que sempre dei conta, mas que nunca tinha tomado consciência.
Passo a explicar, com um breve preâmbulo.
Bem! Comecemos já por pôr de parte a hipótese do problema ser meu, e as pessoas que convivem comigo não terem motivos para rir ou sorrir!
Reparem bem como é raro ver alguém sorrir ou mesmo rir! Bem, se quiserem ser mesmo bem sucedidos na busca, olhem o dia inteiro para o vosso chefe! Especialmente se for uma mulher de meia idade (50’s), divorciada ou que o marido não conheça os milagres do comprimido azul!
No local de trabalho, parece que rir ou sorrir são antónimos de eficiência, de qualidade e de profissionalismo. Com alguma frequência as chefes empoeiradas proíbem-nos de o fazer. Elas não riem, por isso nós também não podemos! Será que puseram tanto botox que perderam o controlo dos músculos da cara? Hum... Vou ver se se babam a comer...
E a estereotipada mulher da repartição de finanças que faz sentir qualquer pós-doutorado como se fosse um iletrado?
Sarcasmos aparte e falando de coisas sérias, e porque não tenho qualquer questão por resolver com chefes ou com funcionárias das repartições de finanças. Ou... talvez esteja a mentir... Porque será que vamos perdendo a vontade ou a capacidade de contrair os nossos músculos faciais e mostrar o nosso sorriso?
No tempo em que estive com a minha avó, vi-a sorrir muito poucas vezes. Será que a idade nos trás as rugas, as artroses, as cataratas, a incontinência e nos leva a alegria?
Para as rugas há cremes, para as artroses fármacos revolucionários, cataratas e incontinência existem soluções cirúrgicas. E para a falta de alegria? Bem, também há fármacos para isso, mas resultam numa alegria de “plástico”.
Parece-me que seja algo que não possamos deixar na mão de terceiros, e talvez seja bom tomarmos decisões ao longo da nossa vida que nos permitam viver mais realizados. Criar sempre novos objectivos e desafios exequíveis, pois são a conquista dos mesmos que nos fazem sentir bem.
Já repararam que todas as nossas etapas da vida, são para preparar as que as procedem à excepção da derradeira? A reforma?
Passo a explicar. A pré-primária prepara-nos para a primária, a primária para o ciclo, o ciclo para o preparatório, o preparatório para o secundário, o secundário para o superior, o superior para o mercado de trabalho. E depois? O trabalho? Não nos prepara para a reforma, não... E a menos que as regras se alterem muito, se nos reformarmos aos 65 e vivermos até aos 80, são 15 anos a aparvalhar?
Por isso é importante indo ao longo da vida criando hobbies que nos preencham o tempo, quando o tivermos a mais! Para que possamos sorrir SEMPRE!
2 Comments:
Concordo plenamente. Devíamos sorrir mais e quem sabe assim o mundo se tornaria num sítio melhor para todos. Um sorriso quebra muitas barreiras.
Baronesa vermelha, gosto imenso do estilo da tua escrita, da forma madura como te expressas, dos temas pertinentes que abordas. Continua a escrever...não pares e sorri, sorri sempre pois assim muitos sorrisos desabrocham para ti!
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