quarta-feira, janeiro 03, 2007

Bem-me-quero, Mal-me-quero, Muito, Pouco, Nada

Rodeados de luxos, marcas, carros, roupas que custaram o ordenado de 10 anos de trabalho de um operário na Índia, procuramos o prazer e a felicidade em tudo o que nos é extrínseco.

Mesmo que não em bens materiais, para nos sentirmos bem-amados, precisamos que os outros nos amem, nos queiram. Somos dependentes de todos, mesmo que não tenhamos esse insight.

Nunca tivemos tanto, mesmo que nos endividemos para o conseguirmos, nunca comunicámos com tanta gente e nunca fomos tão esbofeteados por paixões assolapadas.

Nunca fomos seres tão pensantes, com capacidade de discernimento. Porém, nunca nos faltou tanta Saúde Mental. Afinal conhecem alguém bem consigo próprio?

Será que devíamos voltar à Idade Média e não questionar, para não ser questionado, somente viver numa cultura de subsistência? Talvez não tenhamos capacidade para lidar com tanta solicitação, muitas delas completamente novas. Afinal quantas pessoas casaram por amor? Isso é algo dos tempos modernos! Por isso tanto divórcio, porque os negócios duram uma vida, já o amor desvanece como uma gota de tinta no meio de um lago.

Sentimos tudo intensamente. É tudo tão imensamente bom, que rapidamente se torna imensamente mau, quando algo que nos tira esse néctar dos deuses de bem estar.

Somos sôfregos por sensações novas, velhas, assim-assim, tudo, simplesmente consumimos tudo o que nos rodeia, em busca de prazer, somente de prazer, e da utópica felicidade.

Mas estará a nossa felicidade somente no exterior de nós? Não teremos também de investir em nós, em construir uma forma de pensar, de ver o mundo, que nos permita tirar maior partido do bom que ele tem? Perdemos horas a pensar que carro comprar, que camisolas são necessárias para completar o novo guarda roupa de Inverno, e quantas perdemos a reflectir sobre nós, sobre as nossas atitudes face ao mundo? Optimizamos o nosso computador pessoal com memória e software, e quando optimizamos as nossas capacidades pessoais?

Quando desfolhamos o malmequer, não podemos perguntar se o outro gosta de nós... só temos de perguntar se gostamos de nós! Aliás, nem deveria ser uma incerteza digna de ser questionada.

Abracem-se, beijem-se, mimem-se! Gostem de vocês mesmos, pois só de nós, no nosso pacto para a eternidade, não sairá uma desilusão!

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

adorei

31 janeiro, 2007 17:33  

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