Ponte de Cristal

Três anos...

Sim... três anos passaram desde que transpuseste a quebradiça ponte de vidro... aquela que se despedaçou à medida que foste dando os passos em direcção ao desconhecido, lançando lascas de vidro que se cravaram nos corações de quem deixaste para trás, impedindo-te de sequer olhar para trás, de voltar para trás...


Um abismo de três anos separa-nos, mas vejo-te, sinto-te...


Brancura que eternamente viverá em mim... para sempre.

Segurança Noctívaga

*chomp*

Fecha-se a porta do carro. O som seco dos fechos segue-se..

Estou em segurança.

Os ouvidos acusam a pressão com uma leve sensação de entupimento momentânea.. Não se ouve nada além dos meus pensamentos...

Um suspiro interrompe o silêncio da câmara artesanalmente pressurizada.

Aconchegante ovo...

Olho em redor, os passeios e a estrada estão cobertos por uma camada de gelatina amarela brilhante. Não, gelatina não, água... e o amarelo é da luz do candeeiro que teima em se apagar quando passo por dele.

Recosto-me.

O volante está frio e seco. Escorrega-me das mãos e não me apetece tocar-lhe. Espreguiço-me e passo as mãos na cara, esfregando os olhos, tentando reverter o estado de entorpecimento.

Ligo o carro. Kssssssshbrum! O rádio com o volume que há horas atrás me era confortável, faz-me estremecer e rapidamente tropeçar os dedos em direcção aos botões do volume para o baixar.

O ovo quebrou.

Voltei à vida.

Engato a primeira, destravo o carro e

... sigo em frente.