domingo, dezembro 09, 2007

O Baloiço


Espero, ansiosa, pela minha vez.

Mais uma tarde de Verão em que, debaixo dos olhos zelosos da mãe à janela, aguardo por poder andar no baloiço.

Finalmente chega o almejado momento e começo a baloiçar... para a frente e para trás, cada vez com mais impulso.

Agarro-me com força às correntes ficando com as mãos vermelhas e inundadas do cheiro a ferro oxidado...

Tento chegar cada vez mais alto, mais alto, e mais...

Fartei-me. Salto e enterro os pés da areia fofa já suja de folhas e pequenos ramos. Vou para casa, é hora do lanche!

Após anos, de extremos me mantenho...
Cá e lá,
À frente e atrás.
A amar e a odiar
A querer e a desprezar
A sentir e a morrer.

Com a mesma cadência com que outrora me baloiçava no baloiço de infância, baloiço-me agora, no baloiço da alma.

Estou farta, mas não encontro nem a areia, nem o lanche ou a casa...
Tenho os punhos enrolados nas correntes e o meu peso não deixa libertar-me. Tento não dar impulso, mas o baloiço anda independentemente da minha vontade.
Fico tonta... fecho os olhos e deixo-me ficar... Ficar ao sabor do baloiço, desejando que pare, que me deixe sair...