terça-feira, março 11, 2008

Photoshop biológico


Na minha ancestral concepção, fui abençoada com alguns genes que me proporcionaram algum grau de miopia e astigmatismo, ou seja e palavras caras aparte, pitosguice.

Já pensei corrigir este erro da natureza, com a tão afamada cirurgia a laser, o Lasik. Estive mesmo a passar um chorudo cheque de 3000€, até que por motivos vários, e por duvidar um pouco das facilidades do anunciado sucesso da cirurgia, decidi adiá-la por mais uns tempos.

Das poucas vezes que tive razão, foi definitivamente esta, dado que voltei a ficar mais pitosga, e além do mais, a cirurgia não é particularmente feliz nos resultados quando se tem muito astigmatismo. Claro que não somos informados disso...

Mas a particular vantagem de se ver tudo meio desfocado, pensando bem... a única, não fazendo dela menos importante, é conseguir, tirando apenas os óculos, tornar-me numa fabulosa mulher sem celulite!
Já com óculos, não passo de uma fabulosa mulher com celulite!

Se ficar a ver bem, irei decerto descompensar, pois vou ter de conviver 24 sobre 24 horas, com as manchas e marcas na pele, borbulhas, celulite, gordura nos sítios errados e pêlos!

Por isso, aquilo que editores de imagem demoram minutos/horas a fazer (horas se forem fotos de anúncios a produtos de emagrecimento da revista Maria), eu num puxar de óculos, consigo o mesmo efeito!

Assim, por enquanto, posso ver-me ao espelho e ele ainda me poderá continuar dizer que sou, como a outra Branca de Neve, a mulher mais bela.

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domingo, março 02, 2008

Pr’a qu’é que trabalhas tanto?


De imediato a minha cabeça tolhe-se por um vazio de ideias.

De repente, aquela pergunta, perguntou-me mais do que aquilo que queria perguntar.

Engasguei-me. Depois de muitas gaguejadas interjeições, respondi que era para ganhar dinheiro para... comprar uma casa.

Saí, abandonei aquele cenário e fui até à cozinha jantar, já tarde e estoirada, como sempre.

- “...comprar uma casa” - saiu-me com tão pouca convicção.

Trabalho sem sonhos por realizar? Então realmente, porquê trabalhar tanto?

Hoje, mais uma vez, jantando tarde, a televisão mostrava um retrato da vida de uma jovem de 27 anos, na ilha da Madeira, que já estava à espera do seu 8º filho.

Arrepiei-me a olhar para ela, que vida... vivia em condições desumanas...

Não sei o que quero, mas sei do que fujo... fujo da miséria financeira, material, intelectual... a custo de tornar a minha vida numa miséria.

Sem dar conta, o meu Mundo tornou-se real. Olho e procuro um espaço para divagar e saltitar nas pedras de castelos no ar. Vejo somente o chão gretado, vazio de vida, vazio de água.

Calço as botas, pego no casaco e pego no cantil.

Volto a sentar-me no sofá e atiro as botas para longe, o cantil fica ao meu lado. Sinto-o como se estivesse cheio de água, pressionando-me, bem em cima de mim...

Olho para ele...

- Amanhã... amanhã logo procuro água...