domingo, março 26, 2006

Liberdade de expressão...

"Liberdade de Expressão" parece ser um tema bastante actual, com a série de tumultos que umas caricaturas provocaram no mundo islâmico...

A nós faz-nos imensa confusão, como é que uns bonequinhos aliados a falta de humor e de compreensão por parte de alguns indivíduos mais extremistas, têm originado tanto problema.

Porém não me admira... em Portugal não é muito diferente, apesar de as situações não assumirem dimensões destas, somos igualmente serzinhos com falta de humor, especialmente no que toca a actividades que rocem o fanatismo. Convido-vos até a irem ler os comentários de um dos meus mais polémicos posts, "Xuning vs Dimensão do Pirilau" (Mês de Fevereiro).

Também já nos habituámos às autênticas Batalhas de Aljubarrota entre adeptos do Porto e do Benfica (por exemplo) após os jogos.

Então, resta-me questionar... seremos assim tão diferentes dos países islâmicos?

(claro que apenas me refiro a este aspecto.. há diferenças relativas aos direitos humanos e das mulheres, que são incontestavelmente evidentes para sequer se nomearem)

Atrevendo-me a sofrer um ataque terrorista... aqui ficam algumas das caricaturas polémicas!


























sábado, março 25, 2006

O tempo do tempo...


Somos máquinas do tempo... seres não tecnológicos que viajamos pelos segundos da vida..

Nem damos conta que o somos! Viajamos à “velocidade” normal...

Desde que nascemos, até que as nossas funções orgânicas cessam, somos naves que atravessam esse misterioso conceito.

E como o percepcionamos?

Ao longo da nossa viagem, vamo-nos apercebendo que o tempo se vive de forma diferente em distintos momentos.

Em crianças cinco minutos, são uma eternidade... Em adultos, 5 minutos passam num pestanejar (especialmente quando já estamos atrasados).

E quando estamos ansiosos por saber algo? Cada segundo cai tão lentamente..

Ou então... quando vamos a cair ou num acidente? 3 segundos são transformados em 10 minutos de informações tácteis e visuais.

Isto deve-se ao nosso cérebro ter a capacidade, para economia de “recursos”, de acelerar e travar o tempo, captando e processando, respectivamente, menos ou mais informação.

Damo-nos ao luxo de desperdiçar segundos da nossa vida.. sem que saibamos, de antemão, qual é o nosso “saldo”... Será que pensamos que, tal como o dinheiro, podemos fazer créditos pessoais de anos de vida? Bem... podemos ir fazendo umas poupanças (hábitos saudáveis).. e uns planos poupança reforma (mantendo os hábitos saudáveis). Porém nunca sabemos quando é que o banco abre falência e as poupanças se volatilizam.

A azáfama dos dias de hoje, não nos permite contemplar o tempo, as situações.. Os espaços os quais debulhamos vezes sem conta e que num dia, passados anos, decidimos levantar o concentrado olhar do chão.. acompanhado de um suspiro que nos refresca a mente, e constatamos, por breves momentos, a beleza dos locais.

Tentemos transformar todos os dias, 5 segundos em 5 minutos, ao inspirarmos lentamente pelo nariz, sentido e degustando o cheiro, ao mesmo tempo que abrimos os olhos e os deixamos banhar-se da luz do dia e da beleza do mundo.

Só vivemos uma vez não é verdade?

segunda-feira, março 13, 2006

"A vida dura a vida inteira, o amor não"

Inúmeros poetas, filósofos e outros pensadores debruçaram-se sobre esta coisa designada de amor.

Tanta tinta derramada, tanta tecla batida, aparos partidos e continua-se sem conseguir perceber que sentimento é este...

Encontrei um texto da autoria de Miguel Esteves Cardoso, que penso que dá a imagem do amor dos dias de hoje... porém acredito que antes também não seria melhor... o casamento era um negócio, um acordo dos pais... agora é livre... e que fazemos nós com isso?


ELOGIO AO AMOR - Miguel Esteves Cardoso in Expresso

"Quero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas. Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.
O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição.. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É anossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.
Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir.
A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não.Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."

quarta-feira, março 08, 2006

Viva! Dia da Mulher!




Não poderia deixar passar este dia, sem a devida contemplação.

Viva ao dia que homenageia a vida inteligente na Terra!