sábado, novembro 25, 2006

Saber amar?


O Inverno vai dizendo que está a chegar, com os seus bafos gelados e molhados. Facto que me tem feito permanecer no resguardo do meu palácio (onde vivem as baronesas afinal?) durante mais tempo, o que me tem levado a retomar o meu gosto por ler e escrever.

Ando mais atenta aos blogs vizinhos de outras fêmeas iluminadas e tenho-me apercebido que muito nos dedicamos a falar de relacionamentos e principalmente de amor e homens.

Não sendo escrava da moda, mas também não querendo contrariar a tendência, aqui vai algo sobre o amor.

Amor e casamento, só hoje são palavras em simbiose. Não há muito tempo, os casamentos eram meros negócios estratégicos para juntar famílias com interesses em comum. Aliás, praticamente o casal só se conhecia no dia do casamento.

Só a ideia chega para a arrepiar! Imaginem que vos calhava algum mastodonte?!

Hoje amamos que nos fartamos. Cumprimos à letra o “amai-vos uns aos outros”, e andamos num turbilhão de sentimentos por diversos parceiros ao longo da vida.

O conceito de amor eterno e de compromisso “até que a morte os separe” cai cada vez mais em desuso e porquê?

Nunca fomos tão competentes em termos profissionais, contudo tão incompetentes a lidar com o Outro, nomeadamente se o Outro nos for especial.

Tentamos racionalizar, tal como fazemos com os problemas de trabalho, a relação amorosa, porém os sentimentos nada têm de racional.

Gerimos a relação como se de um jogo de xadrez se tratasse. Ao início avançamos com os peões e tentamos perceber a reacção do outro, depois fazemos jogadas estratégicas com pouco avanço, nem evasivas, nem invasoras, para ver se o adversário ataca. Quando o mesmo se aproxima, atacamos com mais ousadia, até que gerimos o jogo tentando fazer adversário submeter-se a nós. Finalmente, conseguimos o tão almejado xeque-mate ou não... conseguiu o nosso “concorrente”.

Penso que se escreve tanto e se procura tanto ler sobre amor, porque não sabemos as regras do jogo, que parece não ter regras mesmo. É um campo de batalha de limites indefinidos e de risco elevado, quanto mais fracas forem as nossas fortalezas mentais e sentimentais.

Acho que em termos evolutivos, inacreditavelmente o amor é algo que só pudemos explorar abertamente há pouco tempo e que por isso não sabemos lidar com ele.

E será que se aprende de amor, lendo sobre amor? Será que ajuda alguma coisa?

Ou só quando o sentimos e vivemos é que aprendemos a lidar um pouquinho melhor com ele?



Bem, não importa a resposta, continuar-se-á a escrever e ler sobre o assunto, pois penso que o amor, é dos mistérios intrínsecos de cada um, que mais nos provoca anseio por uma resposta.

quinta-feira, novembro 23, 2006

A mão que educa

Talvez passe despercebido aos comuns mortais cidadãos, mas compreender a atitude da nossa sociedade e o que a leva a adoptar determinados padrões de comportamento, é mote de intermináveis olheiras de quem está por trás de certas decisões.

Especialmente no que se trata de mudar comportamentos já muito enraizados. É um pesadelo construir campanhas eficazes de promoção de saúde, como sejam reduzir o tabagismo. Já se percebeu que a frase chavão em letras a negrito “FUMAR MATA” parece não ser significativamente eficaz. Mas deixemos, por agora, os nossos fumadores em Paz.

A prevenção rodoviária sofre do mesmo problema: “Se beber não conduza”. Talvez a frase devesse estar mais completa “Se beber não conduza veículos automóveis”. Ainda assim acho que não resultaria.

Bem, se ser explícito não resulta, se mostrar preocupação pelo problema também não resolve nada, se bombardear-nos com imagens abomináveis de vítimas de acidentes e carros acidentados, nem nos dá a menor volta ao estômago, que resulta então?

Sendo nós tão dados a aparências, penso que a única solução passa mesmo pelo o uso e abuso da pressão da censura dos pares (amigos, familiares, etc). Agora temos, é de os pôr a reprovar, o que devem reprovar.

Hoje, quem cumpre as regras, não foge ao fisco, cumpre os limites de velocidade, no Natal não prova todas as qualidades de bombons à socapa dos vigilantes quando vai ao hipermercado, é um verdadeiro asno.

Se o verdadeiro asno passasse a ser quem se borrifa para a moral e ética, talvez fossem diferentes os nossos índices de sinistralidade / criminalidade.

Para rematar e perceberem melhor o que digo...

Recordam-se da febre dos coletes reflectores? Lembram-se que desataram a vesti-los no banco do pendura? Hábito que era um verdadeiro atentado ao pudor visual.
Agora respondam-me quantos vêem agora assim? Nenhum, não é verdade?
Ora porque será...?

Estou certa que foi devido às dezenas de peças humorísticas a gozarem com o novo hábito portuga. Como as do gato fedorento e outras tantas. E como ninguém gosta de ser gozado...

Venham campanhas de humilhação pública!! Hahahaha!

- "Seu parvalhão! Não tires ao fisco nem um tostão!"

quarta-feira, novembro 22, 2006

Maduro sorriso


Há dias caminhava fugazmente para a minha segunda casa (leia-se emprego), e que nem um flash de máquina fotográfica, fui atropelada subitamente por um pensamento sobre algo que sempre dei conta, mas que nunca tinha tomado consciência.

Passo a explicar, com um breve preâmbulo.

Quando eu era pequenina, reparava que os "crescidos" eram todos muito sisudos. Especialmente a minha professora da primária, bem... pensado bem, todos os meus professores! Num ano lectivo inteiro via-os sorrir umas 2 vezes. Chegava a ficar impressionada e de olhar estarrecido quando tal acontecia! Já o rir era algo absolutamente impossível.

Ficaremos com Parkinson(*) ou alguma paralisia facial após os 30 anos?
Bem! Comecemos já por pôr de parte a hipótese do problema ser meu, e as pessoas que convivem comigo não terem motivos para rir ou sorrir!

Reparem bem como é raro ver alguém sorrir ou mesmo rir! Bem, se quiserem ser mesmo bem sucedidos na busca, olhem o dia inteiro para o vosso chefe! Especialmente se for uma mulher de meia idade (50’s), divorciada ou que o marido não conheça os milagres do comprimido azul!

No local de trabalho, parece que rir ou sorrir são antónimos de eficiência, de qualidade e de profissionalismo. Com alguma frequência as chefes empoeiradas proíbem-nos de o fazer. Elas não riem, por isso nós também não podemos! Será que puseram tanto botox que perderam o controlo dos músculos da cara? Hum... Vou ver se se babam a comer...

E a estereotipada mulher da repartição de finanças que faz sentir qualquer pós-doutorado como se fosse um iletrado?

Sarcasmos aparte e falando de coisas sérias, e porque não tenho qualquer questão por resolver com chefes ou com funcionárias das repartições de finanças. Ou... talvez esteja a mentir... Porque será que vamos perdendo a vontade ou a capacidade de contrair os nossos músculos faciais e mostrar o nosso sorriso?

No tempo em que estive com a minha avó, vi-a sorrir muito poucas vezes. Será que a idade nos trás as rugas, as artroses, as cataratas, a incontinência e nos leva a alegria?

Para as rugas há cremes, para as artroses fármacos revolucionários, cataratas e incontinência existem soluções cirúrgicas. E para a falta de alegria? Bem, também há fármacos para isso, mas resultam numa alegria de “plástico”.

Parece-me que seja algo que não possamos deixar na mão de terceiros, e talvez seja bom tomarmos decisões ao longo da nossa vida que nos permitam viver mais realizados. Criar sempre novos objectivos e desafios exequíveis, pois são a conquista dos mesmos que nos fazem sentir bem.

Já repararam que todas as nossas etapas da vida, são para preparar as que as procedem à excepção da derradeira? A reforma?

Passo a explicar. A pré-primária prepara-nos para a primária, a primária para o ciclo, o ciclo para o preparatório, o preparatório para o secundário, o secundário para o superior, o superior para o mercado de trabalho. E depois? O trabalho? Não nos prepara para a reforma, não... E a menos que as regras se alterem muito, se nos reformarmos aos 65 e vivermos até aos 80, são 15 anos a aparvalhar?

Por isso é importante indo ao longo da vida criando hobbies que nos preencham o tempo, quando o tivermos a mais! Para que possamos sorrir SEMPRE!


(*) Patologia degenerativa do sistema nervoso em que, entre muitos outros sintomas, os pacientes apresentam perda absoluta da expressão facial.

terça-feira, novembro 14, 2006

“Come a papa Joana come a papa”

Quem não se recorda desta música?

Todos os da geração de 80 e décadas anteriores, certamente que se lembram deste grande “Hit” do José Barata Moura!

Sendo ferrenha utilizadora de transportes públicos os quais, seguramente repararam, têm lugares dedicados às nossas queridas grávidas (salvadoras da segurança social do nosso país) sou invadida por sentimentos de dúvida frequentes.

Tento evitar sentar-me nesses lugares reservados, mas às vezes as pernas pedem um descanso. Contudo, mantenho-me atenta a ver se entra alguém que tenha direito ao lugar. Confesso que, mesmo não estando nesses lugares específicos, me levanto à mesma, não perdendo a oportunidade de mandar um olhar reprovador e caustico, a quem por dever tinha de dar o lugar. GGGGGGRRRRRRRAAAAUUUU!

Porém minhas congéneres, seres de elevada inteligência e maturidade!! Escusavam de cumprir tão à risca, e em idade já tão “avançada” a música do Sr. Barata Moura...

A verdade é que por cada ano que passa, tenho mais dificuldades em distinguir uma mulher grávida, duma simplesmente avantajada...

Fico a olhar algo perturbada para aqueles globos esféricos, quase entre a espada e a parede. Se está grávida quero dar o lugar, se não está, acabei de ser a responsável por um ego assassinado, dada a humilhação pública.

Que não seja por minha causa que mudem de hábitos, mas minhas queridas tenham tento naquilo que comem... pela vossa saúde de tudo, física, monetária, psicológica, visual!

Sim visual! Por favor... não usem calças de cintura descaída com cintos apertados a fazerem lembrar garrotes! Não vos fica bem! Nem tudo o que é moda nos favorece a todas. E alegrem-se porque, a vantagem da moda de hoje em dia é que está tudo na moda, por isso evitem tudo o que não vos favoreça!

É certo que a genética abençoou algumas de nós com um metabolismo de colibri e antes de chegar ao estômago, as calorias do bombom, que pecaminosamente degustaram, já foram consumidas...

Apenas podemos invejá-las e oferecer-lhes quilos de bombons na esperança da tendência mudar, e já não nos sentirmos tão balofas! Ora, ora... todas sabemos que só queremos as nossas amigas bem, se estivermos igualmente bem ou melhor que elas! Ha ha ha ha!

Se de facto não somos tão abençoadas, o primeiro passo é mesmo deixarmo-nos de desculpas género, que não comemos quase nada, que são os vapores dos cozinhados que nos engordam... Que não percebemos porque temos 40% de massa gorda! Afinal de manhã só tomamos um café (com um pacote de açúcar) e um rissol de camarão ou um pastel de nata! É de facto pouco, em gramas... mas será pouco, em calorias?

Como ninguém nunca saiu gordo dum campo de concentração (comparação infeliz...), nem há mulheres gordas na Etiópia, é facto irrefutável que, se não comermos, não engordamos! E certamente que também lá há mulheres com metabolismos de lesma!

Esfrego a testa e a franja compulsivamente, quando ouço notícias que relatam que hoje em dia, há mais casos de obesidade, que de fome no mundo. Infelizmente não acredito que isso se deva a um declínio na fome do Mundo, mas muito pelo contrário, acredito que se deva a uma explosão adiposa generalizada na sociedade...

Estamos assim tão infelizes, que só tiramos prazer na comida? E que comida? É que ainda se pudesse dar esse nome, mas plástico não é comida... Se ainda engordássemos só ao sabor de feijoadas à transmontana, cheias de carnes caseiras bem tenras e saborosas... Mas transformámo-nos em verdadeiras debulhadoras de calorias, de alimentos cada vez mais ricos em energia!

Infelizmente não conseguimos fugir do açúcar... já viram quantas gramas de açúcar tem um normal iogurte liquido? Normalmente são 23... 24 gramas! O que equivale a praticamente 3 pacotes de açúcar! Um leite com chocolate é igual...

Os Ice teas, são tudo menos chá, são poderosíssimas bebidas refrigerantes que podem chegar a ter 5 ou 6 pacotes de açúcar por lata de 33 cl... o mesmo para Coca-colas e companhia.

Não é fácil fugir da gordura, ao termos produtos tão ricos em hidratos de carbono (açúcares). Eles são essenciais, imprescindíveis à nossa sobrevivência mas em demasia...

Aconselhem-se com profissionais a sério, dietistas licenciados (mesmo com canudo), esqueçam as dietas das revistas que são como o horóscopo semanal, nunca funcionam com todos!

E parem de se desculpar a vocês próprias... admitam que comem! E mais importante... que tudo isso... É... (soem os rufos) Não me coloquem neste stress todo sempre que me interrogo se devo ou não dar lugar!